quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O que diz Jacqueline, do blog Behind the Words

Uma história que emociona até o mais duro coração...

Ester sempre foi uma daquelas mulheres que amava romances e poemas. Desde de quando era pequena adora ficar na biblioteca lendo um bom livro e é claro que as outras crianças achavam isso estranho. Ao se formar no colegial, ela decidiu que não iria seguir seu sonho e fazer faculdade de Letras, pois sabia que seu pai nunca aprovaria, então escolheu fazer Direito.
Ao entrar na faculdade logo conheceu Miguel, um homem muito bonito e a quem estregou seu coração sem pensar duas vezes. Após namorarem 5 anos decidiram casar, um casamento simples. Após 5 anos de casada, Ester começou a se sentir estranha, com tontura e acabou indo fazer um teste de farmácia para saber se estava grávida e então deu positivo. Nada conseguia esconder a felicidade da moça. Decidiu então comprar um par de sapatinhos brancos para fazer uma surpresa para Miguel e ele reagiu como ela espera. Ambos ficaram muito felizes. 
Alguns meses depois sua vida simplesmente desmoronou, tudo o que ela mais amava tinha ido embora, para sempre. 
Ester entrou em uma fase muito complicada, com depressão e preferia ficar sozinha quase o tempo todo, até decidiu ir embora do Rio e se mudou para Belo Horizonte e foi morar numa casa simples junto com uma cachorrinha chamada Capitu. 
Tudo o que ela mais queria era exercer seu trabalho e conseguir superar toda aquela dor que ela estava sentindo, mas será que ela irá conseguir deixar a tristeza e a saudade de lado e seguir em frente? Por linhas tortas nos contará o final desta história emocionante que faz qualquer um se emocionar.

Estou fazendo essa resenha dia 21/01/2012 e posso afirmar que com certeza esse foi o melhor livro que li este ano. E tenho certeza que estará na minha lista de favoritos dos livros de 2012 ( e olha que o ano acabou de começar).
Não imaginavas que este livro seria desta forma. Me emocionou e me surpreendeu demais. Demais mesmo.
A escrita da Cynthia é tão forte e tão emocionante que não consigo nem definir o que eu senti lendo esse livro. Muitos podem achar a história um pouco clichê, mas eu simplesmente amei. Me senti parte da história o tempo todo e parecia que eu estava passando por tudo aquilo junto a Ester.
Um livro 5 estrelas (posso dar mais? ='/ ) e que com certeza entrou para minha lista de favoritos. 

O que diz Laiza Bruzadelle, do blog Livro & Riso

Por linhas tortas tem um caráter biográfico, que cativa inteiramente. Se precisasse descrever o livro em uma única palavra, escolheria essa: cativante.

É incrível como somos levados a desfrutar de todas as emoções de Ester – personagem principal –, da felicidade de encontrar aquela pessoa, sua alma gêmea e com ele viver um romance e um casamento cheio de momentos lindos; à tristeza de perder seu chão, de perder o que mais amava e que julgava eterno, de uma vez e subitamente.

É impossível mensurar tamanho sofrimento, mas garanto que não é tão difícil assim se deixar levar pelas lágrimas junto com Ester.
“Se não quisesse sofrer ou sentir qualquer perda em minha vida, a única solução seria não gostar de ninguém, não sentir nada por ninguém, ser indiferente. Caso contrário, a dor era inevitável. E não é com medo de sofrer que se deve viver. Não pode ser. Concluí que o preço a pagar não era tão alto.”
Mas sua história não termina em catástrofe, nem em suicídio, como nos romances clássicos. Ela resolve dar uma reviravolta em sua vida. Sai do comodismo. Muda. Encara a vida de frente. E é recompensada com outra dose de grande amor, regado a amizades verdadeiras e amor familiar.
"Eu precisava encontrar meios de lidar com mais aquela dor e de me sentir feliz também. Não podia esperar que o universo conspirasse a meu favor. Não ia acontecer. Eu precisava conspirar a meu favor. Lembrei-me do que José de Alencar ensinou a muito tempo: 'Tudo passa sobre a terra'. Aquilo também passaria."
Cynthia ainda inclui em seu livro um grande amor pelos clássicos da literatura, sempre citando-os, indicando-os e colocando-os na vida real, fazendo com que eles tenham grande relevância em sua trajetória. Não faz-se necessário a leitura de tais obras pra se apaixonar pelo livro de França, mas a vontade e a curiosidade acabam por despertar o interesse a outras leituras.

Quem vive dizendo por aí que não gosta de literatura brasileira por não contar com o romance, a leitura correta e fácil, história envolvente ou qualquer outro adjetivo atribuído comumente a literatura estrangeira (ou todos eles juntos), certamente não teve o prazer de ler esse livro. 

http://livroeriso.blogspot.com/2012/01/resenha-por-linhas-tortas.html?spref=fb

O que diz Marco Antonio, do blog Devorador de Letras

Por Linhas Tortas traz a história de Ester, uma jovem apaixonada por literatura, que para não contrariar o seu pai, desiste de fazer a faculdade de Letras para cursar a faculdade de Direito, lá conhece Miguel o seu grande amor, a qual entrega totalmente o seu coração que mais tarde concretizaria com o esperado casamento. Mas inesperadamente tudo desmorona e ela fica sem chão, e como num piscar de olhos vê a sua vida de felicidade se transformar em tristeza, angustia, isolamento e depressão.
Então Ester, depois de várias fases de recuperação e superando a sua adversidade, resolve se dedicar aos estudos para entrar em algum concurso público, o qual acaba conseguindo, com essa conquista, resolve mudar para Belo Horizonte para recomeçar a sua vida. Lá ela decide morar em um lugar tranqüilo, num chalezinho afastado da cidade.
Aos poucos Ester vai recuperando a sua auto-estima e assim acaba conhecendo pessoas especiais que começam a fazer parte da sua vida e logo um novo amor surge, mas o que ela não esperava é que esse novo amor reservaria coisas inesperadas.
A autora Cynthia França, nos presenteia com uma linda e emocionante história, fazendo o leitor vivenciar as perdas, conquistas, tristezas e alegrias, muito mais do que um romance, esse excelente livro vai tocar profundamente a todos que tiverem a oportunidade de ler, um livro que recomendo a todos.
É como diz a letra One da excelente banda U2, trilha sonora desse livro, One love,One life.
 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O que diz o escritor Sergio Carmach

Eu poderia começar dizendo que não é tarefa fácil para um homem comentar uma história de contornos femininos, que remete a sentimentos e anseios igualmente femininos, como a espera pelo amor ideal e o desejo de constituir uma família feliz. Mas isso seria preconceituoso e antiquado de minha parte, pois já vai longe o tempo em que os homens associavam emotividade a fraqueza. Hoje em dia, podemos admitir sem medo quando gostamos de algo repleto de sensibilidade e feminilidade. E foi exatamente o que aconteceu comigo ao ler Por Linhas Tortas, um romance belo, singelo e delicado.
A protagonista, Ester, é uma pessoa admirável, com quem me identifiquei totalmente. Ela é cabeça aberta, mas ao mesmo tempo madura; é carioca, mas adora dias frios e lugares bucólicos; é jovem, mas, além de avessa a baladas e academias de ginástica, ama a literatura; é advogada, mas abomina a formalidade de tratamento que existe no meio jurídico; é introspectiva, mas não tem um comportamento antissocial; é emotiva, mas nunca perde a sensatez; é bonita, mas insegura quanto à sua aparência; é frágil, mas consegue reunir forças nas adversidades; é brasileira, mas não gosta de futebol; e, para ela, conquistas materiais não visam status ou riqueza, servindo apenas para ajudá-la a alcançar o que realmente importa: paz e prazer espirituais. É com essa mulher de sonho – simples, autêntica e paradoxal no melhor sentido da palavra – que Cynthia constrói sua história.
O livro poderia ser resumido da seguinte forma. Ester – uma mulher tímida e culta, dona de ideias e gostos pouco convencionais – encontra seu grande amor na faculdade. Mas o destino interrompe sua caminhada rumo à felicidade, deixando-a completamente perdida. A partir daí, ela precisa reunir forças para enfrentar o mundo e, quem sabe, encontrar novamente o amor.

Se esse filme faz seu tipo, você adorará Por Linhas Tortas

Como se vê, o enredo é extremamente simples. De fato, Por Linhas Tortas não é um livro de reviravoltas, nem possui uma trama intrincada. É, sim, uma singela história de vida, cujo texto – narrado de forma direta e em primeira pessoa – poderia ser considerado quase um diário se não contivesse diálogos. A linguagem – sem ornatos, mas bonita e correta – cativa. Se fôssemos comparar o livro de Cynthia a filmes, poderíamos citar os encantadores Noites de Tormenta (baseado no romance de Nicholas Sparks) e Sob o Sol da Toscana, ambos com Diane Lane, que, aliás, daria uma Ester mais que perfeita.

A autora também merece crédito por ter resistido a uma tentação que acomete muitos escritores brasileiros. Em vez de ambientar sua história em cenários internacionais (mais glamourosos e interessantes, segundo muitos leitores), colocou seus personagens em terras tupiniquins. E esse livro é uma prova de que ambientações nacionais funcionam tão bem (ou até mais) que as internacionais. As descrições de Cynthia pintam lugares maravilhosos e cheios de magia na mente do leitor.

Ester seria o alter ego de Cynthia?

Em determinado ponto da leitura, fiquei preocupado. O discurso de Aretuza para reanimar a irmã Ester me pareceu impregnado de uma autoajuda paulocoelística, o que me provocou um princípio de urticária rs. Mas felizmente esse tom ficou restrito à fala da personagem e a esse ponto específico da história. E não podia ser diferente, já que a autora parece ser tão culta quanto a protagonista e faz referência em seu texto a um rol imenso de autores clássicos, como Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Jane Austen, Machado de Assis, Homero, Gabriel García Márquez, entre muitos outros. Aliás (não sei bem por que motivo), fiquei com uma forte impressão de que Ester é uma espécie de alter ego da Cynthia.
Dizem que resenhas longas em blogs literários afugentam os leitores. Então, embora eu ainda tenha muito a dizer sobre Por Linhas Tortas, vou encerrando por aqui. Para terminar, digo que esse é um livro maravilhosamente simples que se tornará simplesmente maravilhoso se lido no mesmo clima em que se assiste às comédias românticas protagonizadas por Diane Lane no cinema: um misto de emoção e leveza, temperado com uma pitada dramática. E não se incomode se seus olhos umedecerem vez por outra (mesmo se você for um machão de carteirinha).

http://sergiocarmach.blogspot.com/2012/01/resenha-por-linhas-tortas.html?spref=fb

O que diz Pamela Santiago, do blog O Leitor

Com a linguagem simples e leitura deveras prazerosa, é assim que o livro Por Linhas Tortas, de Cynthia França é composto: leitura que flui de acordo com o ritmo de cada um.
No início, lia devagar, captando ao máximo todas as informações e detalhes a cada palavra transpassada. Com o avançar da leitura, cheguei a ler cerca de 80 páginas por dia, e para finalizar, foram lidas 120 páginas, ininterruptas.
Não vou entrar em detalhes da história, pois quero muito que você que está lendo agora esta resenha tenha a oportunidade de ler o livro puro, sem saber do que se tratava, assim como eu fiz.
Fui com a cara e com a coragem, enfrentei a leitura e me apaixonei a cada página virada.
O nome vem bem a calhar com a trama da história. Muitas linhas que se entortam no meio da trajetória de Ester. Mas o final nos surpreende.
Realmente é um livro maravilhoso, doce e encantador.

http://oleitor2.blogspot.com/2012/01/resenha-numero-35.html

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O que diz Márcia Rios, do blog Apaixonada por Livros

Ester desde garotinha foi uma devoradora de romances e poemas, mas decidiu formar-se em Direito, já que explicar o seu sonho pelas Letras e, contrariar seu pai tão preocupado com o bem-estar das filhas seria muito difícil.

Ester também não tem a mínima noção do quanto é bela e encantadora até conhecer seu grande amor Miguel na faculdade, a quem entregou seu coração e sua vida, mas depois de alguns anos de plena felicidade seu mundo inesperadamente desmoronou... Levando à raiva, depressão e isolamento, mas enfim percebeu que sua vida precisava caminhar.

Esse caminho mostra uma mulher que aos poucos começa a questionar seu passado e a abrir portas para viver novas e várias experiências: entre elas fazer amigos e viver um novo amor, mas esse amor também reservaria algumas surpresas...

Por Linhas Tortas é uma leitura que flui naturalmente capturando nossa atenção, tanto que me levou madrugada adentro até o seu fim... Chorei, ri, torci, fiquei brava, apaixonei-me e por incrível que pareça depois de tantas emoções, terminei a leitura leve e em paz como sua protagonista. 
 

domingo, 8 de janeiro de 2012

O que diz Aione Simões, do blog Minha Vida Literária

Ultimamente, resenhei os livros lidos por mim após de um tempo finalizada a leitura, para refletir melhor sobre o que dizer antes de escrever. Entretanto, esse livro merece ser resenhado no segundo seguinte ao final do último ponto ter sido lido, porque ele merece ter todas as emoções que senti durante sua leitura transpostas nesta resenha.
Antes de tudo, preciso dizer que não sabia o que esperar de “Por Linhas Tortas”. Na verdade, eu tinha uma ideia do que se tratava a história, mas conforme iniciei a leitura, percebi meu engano e, a partir daí, não sabia mais o que esperar dele.
Logo quando a história se iniciou, sabia que esse seria um livro que me agradaria, porque sua narrativa me agradou desde o início: madura, bem estruturada, natural, fluída e cativante. Além disso, a boa narrativa contava uma história que se mostrou interessante ainda no começo: a história de Ester.
A personagem nos conta sua trajetória desde quando freqüentava a escola e se mostrava diferente de seus colegas pelos seus ideais e maneira de encarar a vida. Apesar de conhecermos praticamente toda a vida da protagonista, em nenhum momento isso se torna cansativo, uma vez que Cynthia França soube como narrar fatos importantes com detalhes e outros menos importantes mais superficialmente, relatando pontos principais e pulando, muitas vezes, grandes períodos de tempo cronológico, nesses casos, para que a história avançasse com mais velocidade. E ao avançar esses períodos, jamais deixou buracos no enredo.
Ester é incrivelmente real e é uma guerreira. Me apaixonei pela personagem porque a admirei ao extremo. Sua maneira de encarar a vida e a de lidar com as situações mais diversas possíveis a tornaram uma pessoa incrível e rara. Não há como não admirar as atitudes dessa nobre mulher, seu romantismo sempre presente, sua força, sua fé, seu otimismo, sua sabedoria. A personagem me cativou tanto a ponto de ter se tornado, para mim, um modelo a ser seguido. Se eu conseguir encarar minha vida pela maneira como ela encarou a dela, com ideais semelhantes aos dela, posso me dar por satisfeita.
A história é comovente e inesperada. Quando se iniciou, eu esperava um drama e uma mulher que perde o rumo de sua vida, escolhendo andar por linhas tortas. Depois, compreendi o significado do título, que complementa a frase iniciada por "Deus escreve certo...". Logo nas primeiras páginas, já senti o drama da história devido a alguns acontecimentos, inesperados para mim. Imaginava que algo aconteceria, mas imaginei fatos diferentes dos que ocorrem. A partir deles, supus que o enredo tomaria os rumos imaginados por mim inicialmente. Novamente, enganei-me e, a todo o momento, era surpreendida pela história, sempre tomando rumos próprios e não os das minhas suposições.
Algo que me agradou imensamente foram as inúmeras referências literárias no livro, sempre de grandes nomes da literatura mundial: de Dostoiévski a Elizabeth Gilbert, passando por Jane Austen e Machado de Assis, sem deixar de lado Shakespeare e outros tantos autores renomados e suas respectivas obras. Ester é uma mulher culta apaixonada desde cedo pela literatura e os livros fizeram parte de sua vida de diversas formas, marcando seus pensamentos, ensinamentos e dando sentido aos seus ideais, inclusive pelo apelido recebido na época de escola: Penélope, a personagem de Homero em "Odisséia".
Uma característica incomum do livro é o fato de não ter capítulos, as divisões se dão por blocos de parágrafos; uns maiores, outros menores. Acredito que essa tenha sido um artifício da autora para nos dar a sensação de continuidade da história tal qual há na vida, sem divisões. A inexistência dos capítulos só me incomodou em um momento: as duas únicas vezes que interrompi a leitura (porque precisei, senão teria o lido de uma só vez), precisei memorizar as páginas que parei (123 e 177, diga-se de passagem), uma vez que o li o ebook e não sabia como marcá-las. Caso tivesse lido o livro físico, isso jamais teria sido um problema, já que a sensação de continuidade é tão grande que não há a vontade de se interromper a leitura.
“Por linhas tortas” é um romance repleto de realidade. Assim como em "Um Dia", de David Nichols, ele é um retrato da vida, ou seja, marcado por situações inesperadas, perdas, ganhos, amadurecimento, tristeza, felicidade. O efeito do tempo é completamente notável e, principalmente, sentido pelo leitor. O livro é emocionante e não me recordo de qual o último livro que li e que me fez chorar em tantos momentos diferentes durante a leitura. Chorei no começo, no meio e no final, chorei por tristeza, chorei por alegria, sorri ao imaginar uma bela cena, fiquei com os olhos arregalados por contemplar outras. Principalmente, enxerguei tudo pelos olhos da Ester e pude sentir com a ela a magia de sua vida. Achei incrível, também, a maneira de como fatos ditos em momentos diferentes se interligaram perfeitamente na história, mostrando que nada do que aparece na leitura foi em vão.
Esse livro me tocou profundamente. A sinopse, que só li após já ter iniciado a leitura, não transmite em nada sua grandiosidade. A história trata sim sobre a busca de uma mulher por achar seu lugar, mas não transparece a maneira maravilhosa de como foi contada. Foi impossível para mim não mergulhar de cabeça no livro e o devorei em pouco tempo, visto que só realizei duas pausas, mesmo lendo no computador, o que não gosto de fazer. Não só pela escrita impecável da autora, o livro me ganhou por trazer emoções por trás de cada palavra cuidadosamente redigida.
Por fim, preciso acrescentar o que já ficou óbvio durante a resenha: esse foi mais um livro nacional que entrou sem pestanejar para minha lista de livros favoritos, não só dentre os nacionais. Só tenho a agradecer a autora pela parceria e por ter me possibilitado ler sua obra maravilhosa. 
 
 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O que diz o escritor Flávio Medeiros Jr.

Por Linhas Nada Tortas




Se você leu meu post anterior a este, no blog, há de se lembrar de minha exortação dirigida ao novo escritor brasileiro, no sentido de, a fim de se tornar um bom escritor, investir na criação de personagens reais e humanos.
Não poderia haver prêmio melhor para este autor que lhes escreve, amargurado pelas superficialidades destes tempos de escrita digital, do que ler logo em seguida o excelente romance "Por Linhas Tortas" (Novo Século -2011), livro de estreia da jovem escritora Cynthia França.
O romance conta a história de Ester, advogada carioca que teve uma juventude daquelas “certinhas”, onde tudo correu às mil maravilhas, de acordo com o script elaborado para a vida de qualquer pessoa feliz e normal. É feliz na amorosa família de origem, e gosta de seu trabalho, ainda que não haja sido a primeira opção de seu coração. Tem alguma tendência ao isolamento, mais isso não impede que conheça, ainda nos tempos de faculdade, o homem de sua vida, com quem sonha constituir família e viver o resto de seus dias. Mesmo nesse caminho o futuro promete seguir a mesma sina da perfeição, até que uma conversa por telefone vira seu mundo pessoal de pernas para o ar. Pela primeira vez na vida, Ester olha para o futuro e vê nuvens escuras e insondáveis. Pela primeira vez experimenta a raiva e o desamparo trazidos pela adversidade, o “por que eu?”, e é obrigada a amadurecer à força e sem anestesia. Ao longo de 321 páginas o leitor acompanha passo a passo uma emocionante história de lutas, dúvidas, alegrias, decepções e superação.
A estrutura do romance me agradou logo de cara. Sendo narrado em primeira pessoa, Cynthia
abdicou da tradicional divisão em capítulos. Os parágrafos são divididos em grupos, separados por pequenos espaços vazios. Utilizei exatamente a mesma estrutura em meu romance de estreia, "Quintessência". Na época, já que a história era narrada pelo meu protagonista Tom Rizzatti, quis passar ao leitor a impressão de que alguém estava lhe contando um caso, como numa conversa informal. E convenhamos, conversas informais não são separadas em capítulos com títulos e números. A prosa de Cynthia França provoca o mesmíssimo efeito. O leitor rapidamente acolhe Ester como uma amiga próxima, e acompanha seu relato com a fluidez e a leveza que a autora foi capaz de lhe infundir com brilhantismo. O livro se converte, sem que o leitor sinta, em um "page turner".
Mas o mais impressionante de tudo é exatamente a credibilidade dos personagens. Sua humanidade absurda, tanto da protagonista como de todos os secundários, com camadas de psicologia superpostas, nos causa uma sincera dúvida sobre o quanto daquelas pessoas de fato caminha pelas ruas à nossa volta. É exatamente por isso que acompanhar a trajetória de Ester é alecionador. Através de suas experiências absolutamente verossímeis, qualquer leitor haverá de encontrar um paralelo com suas próprias lutas e dúvidas, com suas próprias vivências ou as de pessoas próximas. E é, acima de tudo, uma aula de como a sensibilidade humana é capaz de funcionar como um farol que guia o barco do indivíduo com segurança através de um mar tempestuoso e coberto de neblina. Das últimas páginas ao final de "Por Linhas Tortas", senti uma emoção e uma felicidade notáveis. Minha vontade era deixar o livro, com meus sinceros agradecimentos à amiga Ester, e ir tratar de cuidar bem e ser feliz com as pessoas que amo.
Numa época de literatura superficial e árida, "Por Linhas Tortas" se destaca por conferir um sopro de doce esperança quanto ao futuro da literatura brasileira. Dizem à boca pequena que a estreante Cynthia França já segue escrevendo seu segundo livro. Penso que nós, amantes da boa prosa, merecemos isso. Quanto a mim, mal posso esperar.